domingo, 26 de fevereiro de 2012

Qual a chave para compreender o jovem?


Identificar o mundo dos jovens: algumas chaves de compreensão do seu modo de pensar

Em dezembro do ano passado realizou-se na Espanha uma formação relativo ao tema “Descobrir o mundo dos jovens”, neste encontro que teve duas paletras e em torno de 130 participantes na obra salesiana de Martí-Codolar, todos participantes puderam depar-se com a realidade da juventude hoje e seus valores.

Na primeira exposição feita pelo sociólogo Juan M. González-Anleo, procurou refletir sobre o tema “Valores e contra-valores dos jovens de hoje”. O Dr. González-Anleo falou  como os jovens de hoje são, em muitas ocasiões, um coletivo sentido como problema, relacionado com drogas, promiscuidade, e com um espírito de “Peter Pan” pelo qual deseja alargar ao máximo o período da juventude, concebida como uma fase da vida a ser gozada o mais longamente possível.

Ele sublinhou ainda que “os jovens de hoje são os grandes herdeiros da falência ideológica do século XX”, e que isto os marca profundamente. Os jovens viram a maior parte das lutas ideológicas iniciadas por seus pais – como a revolução de maio de 1968 contra a sociedade do consumo – e foram uma após outra apagando e como a realidade de hoje seja a do modelo capitalista de consumo, em que o benefício econômico impera por sobre todas as demais coisas.

Neste contexto, quando se perguntou aos jovens (em “Jovens Espanhóis 2010”o qual Dr González-Anleo foi um dos autores), se estivessem interessados em receber uma formação aos valores, quase todos (100%) responderam que estão muito ou bastante interessados. E os valores para os quais jovens e adultos convergem são: a tolerância, o respeito, a honestidade e a responsabilidade.

O sociólogo ainda afirma  “o pedido de valores pelos jovens é muito mais ampla que a oferta dos adultos” e este dado impele a refletir sobre a necessidade de concentrar esforços sobre a população educadora.

Classificação das coisas mais importantes para os jovens de hoje
Uma pesquisa feita sobre as coisas mais importantes para os jovens indicou, as mais importante à menos importante: a família, a saúde, os amigos, os conhecidos, ganhar dinheiro com a finalidade de gastá-lo em ócios, o casal, a política. E em último lugar, a religião.

Dr González-Anleo explicou que esta manifetação feita pela juventude mostra a diferença enorme em que os jovens percebem como perto ou distante. Mas o importante e diferente de alguns anos atrás os jovens colocaram a família em primeiro lugar indicando que a grande parte confiam nela e se sentem bem em casa, isto porque porque a maioria “não têm problemas”: não se deve discutir para horários de chegada ou saída, não se fala de temas políticos nem religiosos, e evita-se ao máximo o confronto.

“Os pais não desencontram absolutamente os filhos e isto remete ao conceito das assim chamadas «famílias light»” – afirmou o sociólogo.

Até que ponto pode uma “família light” educar aos valores? E é aqui que inicia o triângulo Família–Escola–Mídia, o problema é de quem  que deve assumir o encargo de formar aos valores. Se a família não se julga capaz dessa educação aos valores, porque prefere evitar o confronto; se a escola pensa que essa tarefa deva começar em casa, porque “eles-elas” já têm suficiente trabalho com o ensino das disciplinas escolares...; se é claro que a mídia concentra os seus valores em conseguir o máximo benefício dos produtos que oferecem (programas de telelixo, ‘reality shows’, etc.)... – então de fato a situação complica-se assaz.

Os jovens e a religião
Hoje os jovens de percebem a religião como algo muito distante e em último lugar na ordem de importância. Tal rejeição, explicou González-Anleo, está profundamente marcada pela visão negativa em que grande parte da juventude tem da “igreja hierárquica”, considerada por demais rica (79%), antiquada em matéria sexual (78%), com preceitos que não permitem gozar da liberdade – um dos valores mais apreciados pelos jovens – e com peso demasiado na sociedade atual. 

Embora os jovens sejam capazes de ver os aspectos positivos da Igreja – acode os pobres e marginalizados, dá normas que ajudam a viver com mais moralidade e oferece um refúgio espiritual aos homens – a percepção negativa predomina sobre a positiva. 

Na reflexão, a Igreja tem um enorme problema de ‘marketing’, que faz com que a imagem que chega à maior parte do povo através da mídia de maneira inadequada e que, além disso, não responde à realidade das comunidades de base cristãs de uma Igreja vizinha aos mais carentes. Em tempo de crise, o exemplo da Caritas, e de muitas outras realidades religiosas, é mais que significativo. 

Interpelado pelo auditório sobre quais sejam as chaves da evangelização dos jovens de hoje, o sociólogo comentou que é fundamental fazer um bom marketing entre os jovens e “isso começa por ouvir as suas necessidades”. As chaves poderiam ser: orientar ao sentido da vida, a liberdade e a auto-expressão integral, uma igualdade maior e uma comunidade fervorosa. E a reconstrução de três mensagens: o sentido, a salvação, a comunidade.

 O outro aspecto abordado foi em relação aos desafios atuais e resposta salesiana à juventude européia, onde O salesiano P. Alexandre Damians, especialista em pedagogia preventiva, valores humanos, explicou que a sociedade européia se encontra num momento em que o modelo consumista desencadeou a perda dos valores que têm como centro a pessoa e o seu crescimento pessoal, em favor dos benefícios comerciais.

O especialista salesiano exortou as comunidades, segundo a sua realidade, a trabalhar para tentar criar um clima de fraternidade que permita ganhar a confiança dos jovens. “Uma vez ganha a confiança do jovem, conseguiu-se tudo”. E recordou que é um bom momento para aplicar a pedagogia salesiana da alegria e do sorriso, porque muitas vezes – referindo-se à necessidade de ser amáveis e empáticos com todos – “uma boa cara à mesa é tudo”. Amáveis e empáticos especialmente com os jovens, para que eles abram as portas do próprio mundo. 

Com essas realidades difíceis e olhando para nossa realidade sul americana e mais especificamente brasileira, fica pergunta como estão nossos jovens, vivem conforme uma realidade européia, e como poderemos enfrentar tais desafios?
Pense nisso....

ASMM
Publicado: 31/1/2012 - Espanha – Estão realmente em crise os Jovens? 

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