sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Entrevista com Ir. Rodrigo Tarcha


Trazemos uma entrevista com Salesiano Irmão Tarcha falando sobre sua vocação de religioso  

Ir. Rodrigo Tarcha
ASMM - Como você sente sendo um Irmão Salesiano?


Ir. Tarcha - Me sinto feliz, realizado. Animado a continuar vivendo com intensidade meu chamado vocacional. O chamado de ser irmão entre os irmãos. Uma vivência de fraternidade que ultrapassa o limite de uma simples generosidade, pois amo meus irmãos em Cristo. Idéia e principio que compreendi com o tempo: O Tempo de Deus.


ASMM - Para se tornar um Irmão qual o caminho?


Ir. Tarcha - Em um processo de acompanhamento espiritual e humano que se estende para toda a vida, a pessoa realiza um discernimento. Anterior a este processo metodológico e sistemático de acompanhamento, encontros vocacionais, participação e integração à casa salesiana para uma maior afinidade com o carisma salesiano, tem que existir na pessoa uma intensa disposição em querer servir a Deus, em querer assemelhar-se mais com Jesus e ser generoso o suficiente ao ponto de segui-lo. Ainda que estas idéias não sejam claras no início da caminhada vocacional, não nos desanimemos, pois o mínimo existe: a inquietude de querer encontrar-se como pessoa feliz e realizada. 


ASMM - Qual o trabalho que um Irmão realiza?


Ir. Tarcha - O estar seguindo e identificando-se com Jesus, implica escolher entre servi-lo como presbítero ou salesiano leigo. Como salesiano leigo requer capacidade de sensibilização pela realidade laical, social, vivendo esta laicidade  a partir do mundo. Desde sua profissionalização evangeliza e transmite o evangelho cotidiano. Seu principal método de evangelização  é justamente o testemunho evangélico que se consolida como referencia, modelo, uma verdadeira fonte que gera paixão. Sua vida de seguimento a Cristo bem vivida é parte da Igreja Universal que utiliza de diversas vocações e meios para a evangelização.



AMSM - Já algum tempo na Guatemala, qual experiência que mais lhe marcou?


Ir. Tarcha - Estou há um ano e meio aqui na comunidade São José (Cresco) Guatemala. A comunidade é composta por membros de diversas nacionalidades da América Latina. Creio que essa diversidade de pessoas e culturas é justamente a riqueza da experiência. Em todo este tempo, afirmo que fui presenteado por Deus em inúmeros momentos, pois nos ama tanto que contar seus presentes seria impossível.


Com a necessidade de destacar alguma experiência, compartilho algo a respeito do “religioso”, meu crescimento como salesiano. Neste tempo pude aprofundar a idéia de ser filho de Dom Bosco, minha capacidade de amor a juventude, minha disposição de serviço e vivencia fraterna à comunidade, etc. Esta fase específica de formação para o salesiano leigo é muito importante e frutífera.


ASMM - O que é ser religioso Salesiano?


Ir. Tarcha - Ser religioso salesiano de maneira ampla é viver o seguimento de Jesus de forma intensa, realizar-se como filho de Dom Bosco, pela maneira de ser, viver, atuar, amar a juventude. O ser salesiano se caracteriza pela inteira disponibilidade ao projeto divino, configurado pela capacidade de salvar a ‘ovelha perdida’, a juventude empobrecida.


ASMM - De uma mensagem para os jovens que sentem o chamado mas muitas vezes tem algum receio.


Ir. Tarcha - Deixo a mensagem de que ante a inquietude de querer encontrar-se como pessoa, de sentir-se (sentimento) mais sensível por alguma realidade ou situação, não tenha dúvida ou medo. Mergulhe nessa tentativa de saber o que Deus quer e tem para ti. Ter coragem de confiar N’ele é o processo para receber o maior presente que um ser humano pode vir a ganhar: Poder servi-lo.


ASMM - Como foi seu chamado para ser Religioso Irmão?


Ir. Tarcha - Quando fui convidado para participar dos encontros vocacionais na casa salesiana que freqüentava, não tinha a mínima idéia do que podia ser a vida salesiana. Participei destes encontros, fiz um acompanhamento com a equipe vocacional local e iniciei uma experiência de voluntariado. Em minha sã consciência, o mais claro que tinha era a vontade de realizar uma experiência de Deus. Tive a dádiva de conhecer neste ano de voluntariado dois salesianos leigos que aí viviam. Avancei para o ano seguinte: Pré-noviciado. Muito confundido e sem clareza de minha própria vocação quase encerrei a experiência. Segui a diante. O ano agora era decisivo: o Noviciado.


Neste ano pude estudar mais a vocação do salesiano leigo e conhecer mais os salesianos leigos da inspetoria. Ajudou-me bastante a ver me nesta vocação.

Contudo, foi com as experiências do tempo que pude encontrar-me e afirmar para mim mesmo: este é meu caminho, minha vocação. Vejo-me bem assim. É desta forma que melhor contribuirei com a construção do Reino de Deus. Desta forma me incorporo mais ao Espírito de Igreja.


Em meu pós-noviciado, vivi muitas dúvidas, mas analisando os sinais de Deus em minha vida para ser salesiano leigo, percebo como Ele me foi chamando pouco a pouco e eu respondendo também pouco a pouco. Desde meu período de criança ajudando meu pai nos diversos serviços que realizava (caracterizando o trabalho em sua amplitude), minha entrada na casa salesiana de Pindamonhangaba, na qual tinha uma forte incidência laical, os salesianos que foram e são referencia para mim, em sua maioria coadjutores, etc. Os sinais de Deus são vastos.


Esta é minha história, minha vida. Sou um filho de Dom Bosco que amo ser como sou: salesiano leigo.

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