Trazemos uma entrevista com Salesiano Irmão Tarcha falando sobre sua vocação de religioso
Ir.
Tarcha - Me sinto feliz,
realizado. Animado a continuar vivendo com intensidade meu chamado vocacional.
O chamado de ser irmão entre os irmãos. Uma vivência de fraternidade que
ultrapassa o limite de uma simples generosidade, pois amo meus irmãos em
Cristo. Idéia e principio que compreendi com o tempo: O Tempo de Deus.
ASMM
- Para se tornar um Irmão
qual o caminho?
Ir.
Tarcha - Em um processo
de acompanhamento espiritual e humano que se estende para toda a vida, a pessoa
realiza um discernimento. Anterior a este processo metodológico e sistemático
de acompanhamento, encontros vocacionais, participação e integração à casa
salesiana para uma maior afinidade com o carisma salesiano, tem que existir na
pessoa uma intensa disposição em querer servir a Deus, em querer assemelhar-se
mais com Jesus e ser generoso o suficiente ao ponto de segui-lo. Ainda que
estas idéias não sejam claras no início da caminhada vocacional, não nos
desanimemos, pois o mínimo existe: a inquietude de querer encontrar-se como
pessoa feliz e realizada.
ASMM
- Qual o trabalho que um
Irmão realiza?
Ir.
Tarcha - O estar
seguindo e identificando-se com Jesus, implica escolher entre servi-lo como
presbítero ou salesiano leigo. Como salesiano leigo requer capacidade de
sensibilização pela realidade laical, social, vivendo esta laicidade a partir do mundo. Desde sua profissionalização
evangeliza e transmite o evangelho cotidiano. Seu principal método de
evangelização é justamente o testemunho
evangélico que se consolida como referencia, modelo, uma verdadeira fonte que
gera paixão. Sua vida de seguimento a Cristo bem vivida é parte da Igreja
Universal que utiliza de diversas vocações e meios para a evangelização.
AMSM
- Já algum tempo na
Guatemala, qual experiência que mais lhe marcou?
Ir.
Tarcha - Estou há um ano
e meio aqui na comunidade São José (Cresco) Guatemala. A comunidade é composta
por membros de diversas nacionalidades da América Latina. Creio que essa
diversidade de pessoas e culturas é justamente a riqueza da experiência. Em
todo este tempo, afirmo que fui presenteado por Deus em inúmeros momentos, pois
nos ama tanto que contar seus presentes seria impossível.
Com a necessidade de destacar alguma experiência, compartilho
algo a respeito do “religioso”, meu crescimento como salesiano. Neste tempo
pude aprofundar a idéia de ser filho de Dom Bosco, minha capacidade de amor a
juventude, minha disposição de serviço e vivencia fraterna à comunidade, etc.
Esta fase específica de formação para o salesiano leigo é muito importante e
frutífera.
ASMM
- O que é ser religioso
Salesiano?
Ir.
Tarcha - Ser religioso
salesiano de maneira ampla é viver o seguimento de Jesus de forma intensa,
realizar-se como filho de Dom Bosco, pela maneira de ser, viver, atuar, amar a
juventude. O ser salesiano se caracteriza pela inteira disponibilidade ao
projeto divino, configurado pela capacidade de salvar a ‘ovelha perdida’, a
juventude empobrecida.
ASMM
- De uma mensagem para os
jovens que sentem o chamado mas muitas vezes tem algum receio.
Ir.
Tarcha - Deixo a mensagem
de que ante a inquietude de querer encontrar-se como pessoa, de sentir-se
(sentimento) mais sensível por alguma realidade ou situação, não tenha dúvida
ou medo. Mergulhe nessa tentativa de saber o que Deus quer e tem para ti. Ter
coragem de confiar N’ele é o processo para receber o maior presente que um ser
humano pode vir a ganhar: Poder servi-lo.
ASMM
- Como foi seu chamado
para ser Religioso Irmão?
Ir.
Tarcha - Quando fui
convidado para participar dos encontros vocacionais na casa salesiana que
freqüentava, não tinha a mínima idéia do que podia ser a vida salesiana.
Participei destes encontros, fiz um acompanhamento com a equipe vocacional
local e iniciei uma experiência de voluntariado. Em minha sã consciência, o
mais claro que tinha era a vontade de realizar uma experiência de Deus. Tive a
dádiva de conhecer neste ano de voluntariado dois salesianos leigos que aí
viviam. Avancei para o ano seguinte: Pré-noviciado. Muito confundido e sem
clareza de minha própria vocação quase encerrei a experiência. Segui a diante.
O ano agora era decisivo: o Noviciado.
Neste ano pude estudar mais a vocação do salesiano leigo e
conhecer mais os salesianos leigos da inspetoria. Ajudou-me bastante a ver me
nesta vocação.
Contudo, foi com as experiências do tempo que pude
encontrar-me e afirmar para mim mesmo: este é meu caminho, minha vocação.
Vejo-me bem assim. É desta forma que melhor contribuirei com a construção do
Reino de Deus. Desta forma me incorporo mais ao Espírito de Igreja.
Em meu pós-noviciado, vivi muitas dúvidas, mas analisando os
sinais de Deus em minha vida para ser salesiano leigo, percebo como Ele me foi
chamando pouco a pouco e eu respondendo também pouco a pouco. Desde meu período
de criança ajudando meu pai nos diversos serviços que realizava (caracterizando
o trabalho em sua amplitude), minha entrada na casa salesiana de
Pindamonhangaba, na qual tinha uma forte incidência laical, os salesianos que
foram e são referencia para mim, em sua maioria coadjutores, etc. Os sinais de
Deus são vastos.
Esta é minha história, minha vida. Sou um filho de Dom Bosco
que amo ser como sou: salesiano leigo.
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