A gloriosa Beatificação daquele humilde sacerdote da França que foi João Maria Batista Vianney, no dia 8 de janeiro de 1905 na Basílica Vaticana, confirma a vocação dos homens a figura sacerdotal, tornando-os pastores de almas e elevando a santidade sacerdotal, "O caráter sacramental da ordem chancela da parte de Deus num pacto eterno o seu amor de predileção, que exige em troca, da criatura escolhida, a santificação... O clérigo deve ser tido como um eleito entre o povo, cumulado dos dons sobrenaturais e participante do poder divino, numa palavra, um 'outro Cristo'... Já não pertence a si, nem aos parentes e amigos, nem mesmo à sua pátria. Deve consumi-lo um amor universal. Mais ainda, a caridade universal será o seu respiro, os seus pensamentos, a vontade, os sentimentos deixam de ser seus, para serem de Cristo, que é a sua vida".
Mesmo conhecendo as dificuldades dos padres que encontram na sua vida
pessoal e nos encargos do seu ministério, e nos queixamos de que o espírito de
alguns ‚ batido pelas ondas deste mundo e entibiado pelo cansaço, contudo a
nossa experiência também não ignora a fidelidade corajosa da maior parte e a
devoção espiritual dos melhores. A uns e a outros, o Senhor dirigiu, no dia da
ordenação, estas palavras de ternura: "Já não vos chamo servos, mas
amigos!" (8) Que a perseverança e o crescimento na amizade divina
constitui na alegria e a força de toda a vida sacerdotal.
"O exemplo admirável do santo cura d'Ars conserva ainda hoje todo o
seu valor", atesta Pio XII. (58) Nada poderá substituir na vida de um
padre a oração silenciosa e prolongada diante do altar. A adoração de Jesus,
nosso Deus, a ação de graças, a reparação pelas nossas próprias faltas e pelas
dos homens, a súplica por tantas intenções que lhe são confiadas. E pela
prática deste culto, esclarecido e fervoroso para com a Eucaristia, que um
padre aumenta a sua vida espiritual e se preparam as energias missionárias dos
mais valorosos apóstolos.
E através do padre que o povo de Deus, iluminado pela pregação da fé, e
alimentado com o Corpo de Cristo, encontra a sua vida, o seu crescimento e, se
lhe é necessário, reforça a sua unidade; é ali, numa palavra, que, de geração
em geração, em toda a parte, cresce espiritualmente o Corpo místico de Cristo,
que é a Igreja.
Que, pela graça de Deus, santo cura d'Ars, despertará em todos os padres
o desejo de cumprir mais generosamente o seu ministério e, sobretudo, este
"primeiro dever que é trabalhar na sua própria santificação".
Que Deus olhe profundamente para todos Padres, para
suas dificuldades e suas angustias, colocando em seus corações a certeza da vitória
por serem Cristo para nós.
Texto fundamentado na CARTA ENCÍCLICA "SACERDOTII
NOSTRI PRIMORDIA" DE SUA SANTIDADE O PAPA JOÃO XXIII
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