A necessidade de convocar
O Reitor Mor
Conhecendo e imitando Dom Bosco,
façamos dos jovens a missão da nossa vida
Estreia 2012
façamos dos jovens a missão da nossa vida
Estreia 2012
Tradução:
Dom Hilário Moser
Comentário
do Reitor-Mor
“Eu sou o Bom Pastor.
O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)
O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)
Caríssimos
Irmãos
Filhas de Maria Auxiliadora
Todos os Membros da Família Salesiana
Jovens
Filhas de Maria Auxiliadora
Todos os Membros da Família Salesiana
Jovens
Iniciamos
há pouco o triênio de preparação para o bicentenário do nascimento de Dom
Bosco. Este primeiro ano nos oferece a oportunidade de nos achegarmos mais a
ele a fim de conhecê-lo melhor e mais de perto. Se não conhecermos Dom Bosco e
não o estudarmos, não poderemos compreender seu caminho espiritual e suas
opções pastorais; não poderemos amá-lo, imitá-lo e invocá-lo; em particular,
será difícil hoje inculturar seu carisma nos diversos contextos e nas
diferentes situações. Somente reforçando nossa identidade carismática poderemos
oferecer à Igreja e à sociedade um serviço aos jovens que seja significativo e
abundante de frutos. Nossa identidade encontra sua referência imediata na
figura de Dom Bosco; nele, a identidade se torna crível e visível. Por isso, o
primeiro passo que somos convidados a dar no triênio de preparação é
precisamente o conhecimento da história de Dom Bosco.
1)
Conhecimento de Dom Bosco e dedicação aos jovens
2)
Redescobrir a história de Dom Bosco
3)
Motivações para o estudo da história de Dom Bosco
4) Função
atualizadora da história
5) Mais
de 100 anos de historiografia “a serviço do carisma”
6) Rumo a
uma leitura hermenêutica da história salesiana
7) Qual a
imagem de Dom Bosco hoje?
1.
Evolução das obras e dos destinatários
2.
Juventude abandonada
3.
Resposta às necessidades dos jovens
4.
Flexibilidade de resposta às necessidades
5.
Pobreza de vida e trabalho incansável
8)
Sugestões para a concretização da estréia
1. A
caridade pastoral
2. Viver
na missão
3.
Finalidades da família salesiana
4.
Empenho com e para os jovens
5. As
perguntas de Dom Bosco
6. As
respostas de Dom Bosco
7. As
memórias do oratório de São Francisco de Sales
9)
Conclusão
“O
menino do sonho”
Nessa
idade tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a
vida. Pareceu-me estar perto de casa, numa área bastante espaçosa, onde uma
multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não
poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles,
tentando, com socos e palavras, fazê-los calar. Nesse momento apareceu um homem
venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o
corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo.
Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos,
acrescentando estas palavras:
Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e
assustado repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes
falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e
blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar. Quase sem
saber o que dizer, acrescentei:
- Quem
sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
-
Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a
obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te
darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda
sabedoria se converte em estultice.
- Mas
quem sois vós que assim falais?
- Sou o
filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha
mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me,
pois, vosso nome.
-
Pergunta-o a minha mãe.
Nesse
momento vi a seu lado uma senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto
todo resplandecente, como se cada uma de suas partes fosse fulgidíssima
estrela. Percebendo-me cada vez mais confuso em minhas perguntas e respostas,
acenou para que me aproximasse e, tomando-me com bondade pela mão, disse:
- Olha.
Vi então
que todos os meninos haviam fugido, e em lugar deles estava uma multidão de
cabritos, cães, gatos, ursos e outros animais.
- Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês acontecer a esses animais, deves fazê-lo aos meus filhos.
- Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês acontecer a esses animais, deves fazê-lo aos meus filhos.
Tornei
então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeirinhos que,
saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a
fazer-lhes festa.
Neste
ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que
pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora
descansou a mão em minha cabeça, dizendo:
- A seu tempo tudo compreenderás.
- A seu tempo tudo compreenderás.
Após
essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu. Fiquei
transtornado. Parecia-me ter as mãos doloridas pelos socos que desferira e
doer-me o rosto pelos tapas recebidos; além disso, aquele personagem, a
senhora, as coisas ditas e ouvidas de tal modo me encheram a cabeça que naquela
noite não pude mais conciliar o sono”.
(Memórias
do Oratório de São Francisco de Sales. Texto crítico aos cuidados de Antônio da
Silva Ferreira, 3ª. Edição. São Paulo, Editora Salesiana, 2005, p. 28-30).
Dom Bosco
escreve nas Memórias do Oratório que aquele sonho “ficou profundamente impresso
na sua mente por toda a vida”, de tal modo que hoje nós podemos dizer que ele
viveu para transformar aquele sonho em realidade.
Pois bem, o que nosso querido Pai tomou como programa de vida, fazendo dos jovens a razão de ser de sua existência e gastando por eles todas as suas forças até o último respiro, é o que todos nós somos chamados a fazer.
Pois bem, o que nosso querido Pai tomou como programa de vida, fazendo dos jovens a razão de ser de sua existência e gastando por eles todas as suas forças até o último respiro, é o que todos nós somos chamados a fazer.
O
episódio final, que desta vez tomo da história, ilustra eloquentemente o desejo
de Dom Bosco de ser para os jovens um sinal de amor que jamais acabará. Ouvi-o
contar a primeira vez por parte de um irmão da Inspetoria da Austrália, padre
Lawrie Moate, num discurso de felicitações pronunciado por ocasião de uma
celebração de jubileus de vida salesiana, em Lysterfield, em 9 de julho de
2011:
“E a
nossa música continua”
“Imaginem
o pátio da prisão de uma colônia europeia do século XVII. É o amanhecer e,
enquanto o sol começa a encher de cores douradas o céu do oriente, um prisioneiro
é trazido para fora, no pátio, para a execução capital. Trata-se de um padre
condenado à morte por se ter oposto às crueldades com que eram tratados os
índios da colônia. Agora está de pé de costas contra o muro e contempla os que
compõem o pelotão de execução, seus compatriotas. Antes de vendar-lhe os olhos,
o oficial que comanda o pelotão lhe faz a tradicional pergunta a respeito do
seu último desejo a ser cumprido. A resposta chega como uma surpresa para
todos: o homem pede para tocar pela última vez a sua flauta. Os soldados,
então, recebem ordem de ficar em posição de descanso, enquanto esperam que o
prisioneiro toque a sua flauta. Quando as notas começam a ferir o ar silencioso
da manhã, o ambiente da prisão é inundado por uma música que se difunde doce e
encantadora, enchendo de paz aquele lugar marcado diariamente pela violência e
pela tristeza. O oficial está preocupado porque, quanto mais se prolonga a
música, tanto mais absurda lhe parece a tarefa que deve desempenhar. Por isso,
ordena aos soldados que abram fogo. O padre morre no mesmo instante, mas, para
estupor de todos os presentes, apesar da morte, a música continua a sua dança
da vida. Donde provém aquela doce música da vida?
Numa sociedade totalmente empenhada em sufocar a mensagem de Cristo, penso que a nossa vocação seja a de estarmos entre aqueles que continuam a fazer ouvir a música da vida. Num mundo que está fazendo de tudo para que os jovens não escutem o insistente convite de Cristo “vinde e vede”, é nosso privilégio sermos atraídos por Dom Bosco e encorajados a tocar a música do coração, a testemunhar a transcendência, a exercer a paternidade espiritual, a estimular os jovens a caminharem numa direção que corresponde à sua dignidade e aos seus desejos mais autênticos. Esta é a dança do Espírito! Esta é a música de Deus!
Numa sociedade totalmente empenhada em sufocar a mensagem de Cristo, penso que a nossa vocação seja a de estarmos entre aqueles que continuam a fazer ouvir a música da vida. Num mundo que está fazendo de tudo para que os jovens não escutem o insistente convite de Cristo “vinde e vede”, é nosso privilégio sermos atraídos por Dom Bosco e encorajados a tocar a música do coração, a testemunhar a transcendência, a exercer a paternidade espiritual, a estimular os jovens a caminharem numa direção que corresponde à sua dignidade e aos seus desejos mais autênticos. Esta é a dança do Espírito! Esta é a música de Deus!
Caríssimos
irmãos, irmãs, membros da Família Salesiana, amigos de Dom Bosco, jovens,
desejo a todos um ano-novo de 2012 cheio das bênçãos de Deus e um renovado
empenho para continuar a fazer ouvir a música, a nossa música, a que enche de
sentido a vida dos jovens e os faz encontrar a fonte da alegria.
A todos
um abraço e minha lembrança no Senhor.
Roma, 31
de dezembro de 2011
Padre
Pascual Chávez Villanueva
Reitor-Mor
FONTE: salesianos.org.br
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