Homenagem a Dom Eugênio, que na certeza de sua páscoa e na
esperança de que compartilhava da convicção que nos foi deixada pelo apóstolo
de que a “a coroa da justiça” está reservada para ele pelo Senhor, o justo
juiz, que dará essa coroa, “não somente a ele, “mas a todos os que tiverem
esperado com amor a sua manifestação”( 2 Tm 4,8).
Recentemente,
por ocasião da Páscoa deste 2012, ele mesmo determinou que seria publicado um
último artigo no qual ele escreveu: “Ao passo que a alegria, presságio do
transcendente, faz-nos sentir algo superior às experiências comuns, ela,
todavia, acorda em nós o mais próprio, o mais íntimo de nós mesmos. Será que
não está inscrita na experiência pura e honesta da alegria uma tênue e todavia
forte certeza de que a mais profunda realidade de nosso ser é imagem do eterno?
Este estado de alma é como uma atmosfera jubilosa de nossa mente, que se
reflete em nossos sentimentos e que se irradia em nossos relacionamentos
humanos”.
Dom
Eugenio nasceu em Acari, no Rio Grande do Norte no dia 08 de novembro de 1920,
ingressou no seminário em 1936. Após o Curso de Humanidades, foi enviado ao
Seminário Maior da Prainha em Fortaleza. Lá permaneceu de 1937 a 1943. foi
ordenado diacono em março de 1943, e ordenado sacerdote em novembro do mesmo ano.
Aos 33 anos, em agosto de 1954, foi nomeado bispo titular de Tibica e auxiliar
de Natal pelo papa Pio XII.
Entre
os anos de 1962 e 1964 exerceu a função de administrador apostólico da
Arquidiocese de Natal, quando é então nomeado administrador apostólico da
Arquidiocese de Salvador. Após quatro foi nomeado pelo papa Paulo VI Arcebispo
de Salvador e no ano de 1971 foi nomeado arcebispo da Arquidiocese do Rio
de Janeiro pelo papa Paulo VI, cargo que ocupou até julho de 2001.
Criou
as pastorais: Penal, da Saúde, do Trabalhador, das Domésticas, do Anônimo, do
Menor e das Favelas, um dos seus marcos foi a preocupação com a questão social,
com um destaque para a Pastoral das Favelas surgiu em 1976, e ganhou maior
visibilidade em 1978, com o caso Vidigal. Caso em que o secretário de Obras do
município alegou que o morro tinha risco de desabar, e por isso, os moradores
deveriam ser removidos e transferidos, com o apoio da Pastoral das Favelas e de
advogados, se mobilizaram e conseguiram impedir a remoção do local mudando a
política fundiária.
Também
inspirado pelo seu lema episcopal, “Impendam et Superimpendar” (alusão a 2Cor
12, 15: “Quanto a mim, de muito boa vontade gastarei o que for preciso e me
gastarei inteiramente por vós”), Dom Eugênio foi Padre Conciliar do Vaticano
II, criador da Campanha da Fraternidade e também apoiou o Movimento de Educação
de Base e as Comunidades Eclesiais de Base.
A
trajetória de Dom Eugênio, frutificou a vida da Igreja e do povo, tornando-se
referência da Igreja nos momentos mais significativos da vida social e política
no Brasil'', conforme nota da CNBB
Em
telegrama Papa Bento XVI expressou seus sentimentos:
No telegrama enviado ao Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o
Pontífice ressaltou que Dom Eugênio revelou-se "autêntica testemunha do
Evangelho no meio do seu povo”. afirmou o o Papa
“Recebi a triste notícia do falecimento do venerado Cardeal Eugênio de Araújo
Sales, depois de uma longa vida de dedicação à Igreja no Brasil”, disse o Papa
no telegrama.
Bento XVI disse ainda dar graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso
pastor que, nos seus 70 anos de sacerdócio e 58 de episcopado, procurou apontar
a todos a senda da verdade na caridade e do serviço à comunidade, em permanente
atenção pelos mais desfavorecidos, na fidelidade ao seu lema episcopal: “Impendam et superimpendar” (gastarei e gastar-me-ei por inteiro
por vós).
Baseado em diversos textos e na nota emitida pela CNBB e no telegrama enviado pelo Papa Bento XVI
SMM